Casa Branca descarta reduzir tarifas unilaterais sobre produtos da China
Secretária de imprensa Karoline Leavitt reforçou posição firme dos EUA em meio à escalada da guerra tarifária com o país asiático.

Durante entrevista concedida à Fox News nesta quarta-feira (23), a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que os Estados Unidos não vão reduzir de forma unilateral as tarifas aplicadas sobre produtos importados da China. A declaração representa mais um capítulo na escalada da guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta.
Detalhes do ocorrido
Na véspera, o presidente Donald Trump havia sinalizado que um eventual acordo com o governo chinês poderia “reduzir substancialmente” as tarifas atualmente em vigor. No entanto, ressaltou que os impostos “não serão zerados”.
Atualmente, os Estados Unidos aplicam tarifas que chegam a até 245% sobre produtos chineses, como parte de uma série de medidas retaliatórias. De acordo com um documento recente divulgado pela Casa Branca, essas alíquotas incluem:
- Tarifa recíproca de 125%;
- Tarifa de 20% para conter a crise do fentanil;
- Tarifas específicas da Seção 301, variando de 7,5% a 100%.
A Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA é usada para responder a práticas estrangeiras consideradas injustas, como transferência forçada de tecnologia, violação de propriedade intelectual e restrições à inovação.
Informações adicionais
Do lado chinês, o governo mantém tarifas de até 125% sobre produtos norte-americanos. Em resposta ao último “tarifaço” dos EUA, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, declarou que “a China manterá sua posição firme” na guerra tarifária, e sugeriu que os detalhes sobre as alíquotas fossem questionados diretamente ao governo americano.
Em 2 de abril, Trump instituiu uma tarifa de 10% sobre produtos de mais de 180 países — uma medida chamada por ele de "Dia da Libertação" (Liberation Day). Além disso, individualizou tarifas mais elevadas para países com os quais os EUA registram maiores déficits comerciais, que chegaram a até 50%.
No entanto, no dia 9 de abril, a Casa Branca anunciou uma pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas individualizadas — com exceção da China, que não buscou acordo e aumentou as tarifas sobre produtos americanos.
Contexto
A guerra tarifária entre EUA e China ganhou intensidade desde o início de abril, com medidas mútuas de retaliação. Os chineses impuseram taxas extras de até 34% sobre produtos americanos, ampliando as tensões. Uma das medidas de impacto mais recente foi a suspensão de encomendas de jatos da Boeing por companhias aéreas chinesas.
No dia 11, o governo norte-americano anunciou isenção de tarifas para smartphones, laptops e outros eletrônicos. A medida retirou esses itens das tarifas de 145% impostas à China e da taxa geral de 10% aplicada a outros países.
No entanto, Trump esclareceu posteriormente que esses produtos poderão ser realocados para uma nova categoria tarifária, mantendo o controle sobre itens sensíveis da cadeia produtiva global.
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